Conheça Fernando Pessoa, um escritor português que se destacou por seus heterônimos.

Um grande poeta que criou vários em um


Fernando Pessoa é um dos mais célebres poetas portugueses, um escritor criativo, produziu textos e poemas que moldaram a literatura portuguesa contemporânea. Mas a sua genialidade foi além de suas obras, pois ele também foi conhecido por seus heterônimos únicos.

Neste artigo, vamos explorar a vida e as obras de Pessoa, bem como os seus quatro principais heterônimos, que foram cruciais para a sua engenhosidade.



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           Vida e obra

Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, Portugal, em 1888. Ao adquirir 8 anos, após o falecimento do seu pai, mudou-se para Durban, África do Sul, onde passou a maior parte da sua adolescência. Durante esse tempo, desenvolveu um interesse em línguas estrangeiras, e aprendeu inglês, francês, alemão, italiano e latim. 

Começou a escrever poesias aos 16 anos. Em 1905, aos 17 anos, voltou para Lisboa e tornou-se um escritor aclamado. Entre 1908 e 1919 escreveu centenas de poemas expressando sua tristeza e solidão. Além disso, começou a desenvolver seu próprio estilo de literatura.

Em 1913, Fernando Pessoa e seu amigo Mário de Sã-Carneiro fundaram a revista Orpheu, iniciando o marco do modernismo em Portugal. A revista foi financiada pelo pai de Sã-Carneiro, teve 3 números e participações de poetas simbolistas, futuristas, entre outros. Pessoa faleceu em 1935, vítima de uma cirrose hepática.


                Mensagem

"Mensagem" foi o único livro em língua portuguesa que Fernando Pessoa publicou em vida, as outras três publicações foram em língua inglesa. O poeta deixou em torno de 25 mil páginas de textos, que vêm sendo publicadas desde a sua morte. 

A obra "Mensagem" contém 44 poemas, escritos entre os anos de 1913 e 1934. A publicação é dividida em 3 partes: "Brasão", "Mar português" e "O encoberto". O livro apresenta a história de Portugal, desde a sua formação até o seu apogeu nos tempos de expansão marítima, buscando resgatar o sentimento patriótico do povo português. 

                 Heterônimos

Fernando Pessoa destacou-se na poesia modernista por inventar autores fictícios ou heterônimos, os quais escreveram muitas de suas obras. Estudos indicam que ele assinou textos com cerca de 70 nomes diferentes. Os quatro heterônimos principais são: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares.


        Alberto Caeiro

Alberto Caeiro é o mestre ingênuo. Sua poesia propõe uma perspectiva filosófica sobre a linguagem, procurando investigar o sentido existencial da vida consciente. Ao opor o pensamento à natureza, o poeta pretende diferenciar o ato de pensar no ato de existir e sentir. Ele traz uma idealização da vida campestre e valorização das sensações em seus poemas.

Um trecho do poema "O guardador de rebanhos" de Alberto Caeiro

Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.


            Álvaro de Campos 

Álvaro de Campos apresenta preocupações mais afeitas ao modernismo como proposta estética e cultural do momento em que vive seu criador, Fernando Pessoa. É apresentado como o poeta da angústia moderna. Era uma alma inquieta, que partilhava seus pensamentos de forma livre e desprendida.

Um trecho do poema "Tabacaria" de Álvaro de Campos

Não sou nada.

Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.


              Ricardo Reis 

Ricardo Reis é o poeta da linguagem clássica e aparentemente pacificadora, é mais formal que os anteriores. Em seus poemas são sugeridos tensões e inconformidade do eu com o mundo. É romântico e contemplativo, lutando para superar a sua tristeza e solidão. 

Poema "Cada um" de Ricardo Reis 

Cada um cumpre o destino que lhe cumpre,
E deseja o destino que deseja;
Nem cumpre o que deseja,
Nem deseja o que cumpre.

Como as pedras na orla dos canteiros
O Fado nos dispõe, e ali ficamos;
Que a Sorte nos fez postos                                                                                                          Onde houvemos de sê-lo.

Não tenhamos melhor conhecimento
Do que nos coube que de que nos coube.

Cumpramos o que somos.
Nada mais nos é dado.


         Bernardo Soares 

Bernardo Soares é, dentro da ficção de seu próprio livro, um simples ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa. É considerado um semi-heterônimo porque, como seu próprio criador explica: "não sendo a personalidade a  minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afectividade".

Um trecho do "Livro do desassossego" de Bernardo Soares

“Durmo e desdurmo.
Do outro lado de mim, lá atrás de onde jazo, o silêncio da casa toca no infinito. Oiço cair o tempo, gota a gota, e nenhuma gota que cai se ouve cair. Oprime-me fisicamente o coração a memória, reduzida a nada, de tudo quanto foi ou fui. (…) Respiro, suspirando, e a minha respiração acontece – não é minha. Sofro sem sentir nem pensar. O relógio de casa, lugar certo lá ao meio do infinito, soa a meia hora seca e nula.”


              

                Conclusão

Enfim, Fernando Pessoa foi um dos escritores mais importantes da literatura portuguesa. Deixou um legado incomparável de poemas e outros textos, que percorrerá por várias gerações. A criação de seus heterônimos é um dos aspectos mais fascinantes de suas obras, criando personalidades distintas com o intuito de produzir textos peculiares e admiráveis.



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